Anticiclon Lúcifer gera temperatura recorde de 48,8° na Itália


Segundo dados do Centro de Serviços de Informações Meteorológicas Agrícolas da Sicília, a temperatura em Siracusa, localizada na Sicília, na Itália, era de 48,8 ° C nesta quarta-feira (11). Se este recorde for confirmado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), será a temperatura mais alta já registrada na Europa.

Syracuse é famosa por suas ruínas antigas, com aproximadamente 120.000 habitantes. No meio desta semana, uma onda de calor varreu a ilha e não deve deixar a área antes desta sexta-feira (13).

Siracusa
Fonte na praça em Siracusa, Itália (crédito da foto: Frog Dares / Shutterstock)

O climatologista Maximiliano Herrera disse em entrevista ao Washington Post que as estações climáticas da Sicília estão bem equipadas e esse recorde deve ser confirmado.

A maior temperatura registrada no continente foi de 48 ° C. Segundo a OMM, o registo ocorreu na cidade de Atenas (Grécia) em 1977.

A atual onda de calor deste verão do hemisfério-norte está fazendo com que vários países fora da Europa também registrem um calor extremo. Tunis, capital da Tunísia, nação localizada no Norte da África, registrou 49°C ontem.

Além da sensação sufocante trazida pelos termômetros lá no alto, as populações destes países também têm sofrido com grandes incêndios. A Itália declarou estado de emergência e o governo grego chegou a evacuar a ilha Evia por causa do fogo.

O anticiclone Lúcifer
Uma das causas do calor extremo em várias regiões do hemisfério-norte é o anticiclone apelidado de “Lúcifer”. De acordo com o Dicionário da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), um anticiclone é uma “área com pressão superior àquela apresentada em áreas circunvizinhas” que “resulta em divergência de ventos, os quais se movem no sentido anti-horário no Hemisfério Sul e no sentido horário no Hemisfério Norte”.

O fenômeno também é conhecido como área de alta pressão e é o oposto de um ciclone, que é uma área de baixa pressão.

De maneira ainda mais direta, as condições extremas do clima têm sido atribuídas pelos climatologistas ao aquecimento global. Com o aumento médio da temperatura global ano a ano, eventos climáticos de frio ou calor extremo serão cada vez mais comuns, de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), ligado às Nações Unidas (ONU).
‘Meteotsunami’ chega a resort espanhol
As temperaturas em todo o Mediterrâneo estão 5 a 10 graus celsius mais altas que a média esta semana, e dezenas de pessoas morreram em incêndios florestais que devastaram o sul da Europa e o norte da África, a maioria deles na Argélia, onde 65 pessoas foram mortas.

Mortes também foram registradas na Turquia, que agora também está enfrentando inundações na costa do Mar Negro, deixando pelo menos seis mortos.

Partes da Itália e da Grécia também foram gravemente atingidas por incêndios, onde algumas aldeias foram destruídas em grande parte.

E Santa Pola, um resort na cidade espanhola de Alicante, foi atingida por um “meteotsunami”. Imagens compartilhadas pela polícia no Facebook na noite de quarta-feira (11) mostraram enchentes nas ruas.

Meteotsunamis são ondas grandes “impulsionadas por distúrbios da pressão do ar frequentemente associados a eventos climáticos de rápida movimentação”, de acordo com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos.

“A tempestade gera uma onda que se move em direção à costa e é amplificada por uma plataforma continental rasa e uma enseada, baía ou outra feição costeira”, disse, acrescentando que os cientistas estão apenas começando a entender melhor o fenômeno.

A polícia de Santa Pola disse que a água invadiu os caminhos costeiros e causou danos ao longo deles. A onda também impactou os barcos pesqueiros.

“Um fenômeno meteorológico inesperado nos surpreendeu esta noite, com um repentino ‘aumento da maré’ que causou muitos problemas aos barcos de pesca atracados e deixou vários barcos à deriva”, disse o órgão em comunicado durante a noite.

O laboratório de climatologia da Universidade de Alicante disse que meteotsunamis ocorrem com mais frequência nas Ilhas Baleares – que incluem Ibiza, Maiorca e Menorca – mas que “de vez em quando ocorrem na nossa área, embora tenha sido um pouco mais intenso do que o normal.”

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